Tuesday, May 10, 2005

sem titulo, sem object, sem porcaria nenhuma

tah mal diagramado no meu copipaiste, mas - da correio Caros Amigos.



A ética relativista de feras do mercado
por Maiana Diniz
Eliane Cantanhêde, da Folha de S. Paulo, e Helena Chagas do jornal O Globo, apresentam para estudantes o que é permitido ou não no exercício do jornalismo.Jornalismo é uma profissão que tem como base a confiança – entre jornalistas e fontes, editores e repórteres, escritores e leitores. A prática fundamenta-se na ética e é preciso estabelecer o que é válido ou não na busca e na divulgação de informações. Na noite de quarta-feira, 13 de abril, o Instituto de Ensino Superior de Brasília promoveu para os alunos dos cursos de jornalismo uma mesa redonda-com o tema “Ética na Reportagem”. O debate contou com a presença dos jornalistas Carlos Chagas, Eliane Cantanhêde, Helena Chagas e Luiz Martins, que expuseram suas experiências e percepções – nem sempre comuns – acerca do tema.
Depois de o educador Carlos Chagas afirmar que não concorda com a existência de uma ética utilitarista – acredita em ética como algo universal, de todos os cidadãos e não de cada profissão –, Eliane Cantanhêde, colunista do jornal Folha de S. Paulo, começou o discurso com a declaração de que, para ela, a ética é relativa. Pelo fato de terem a função de descobrir e divulgar informações de interesse público, os jornalistas podem passar por cima de regras sociais, e até da lei, para conseguir o que querem. “É antiético usar do artifício de uma mentira para conseguir uma informação ou é errado roubar um documento para levar uma informação para uma empresa? Para mim, não.” Eliane afirmou que “o que vale é deixar que o público saiba o que é de seu interesse”. Não disse qual é o limite do jornalista. Se o argumento é a busca de um bem maior, será que vale tudo? Roubar documento público pode, ouvir atrás da porta e mentir também pode. Será que roubar um celular no qual você sabe que tem o telefone daquela fonte que seria fundamental na sua próxima grande reportagem pode? Será que pode botar fogo no Congresso para ver se os bombeiros chegam rápido? A colunista não explicou. Quando um estudante questionou qual era esse limite, Eliane afirmou que a estudante estava levando sua fala “ao pé da letra”. Que tudo dependia do contexto, apesar de não ter falado em contexto: afirmou que o que interessava era o “povo” receber a notícia. E completou: “Se você acha que isso é antiético, uma boa idéia é que você seja publicitária”. Além de ser uma ofensa aos publicitários – como se estes não pudessem trabalhar pelo interesse público e com informações importantes e verdadeiras – a afirmação de Eliane leva a crer que não existe outra opção para quem quer trabalhar na imprensa brasileira. Para ter sucesso, é preciso mentir, roubar e sabe-se lá mais o que, “pois a informação não cai do céu”. ",1]
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Depois de o educador Carlos Chagas afirmar que não concorda com a existência de uma ética utilitarista – acredita em ética como algo universal, de todos os cidadãos e não de cada profissão –, Eliane Cantanhêde, colunista do jornal Folha de S. Paulo, começou o discurso com a declaração de que, para ela, a ética é relativa. Pelo fato de terem a função de descobrir e divulgar informações de interesse público, os jornalistas podem passar por cima de regras sociais, e até da lei, para conseguir o que querem. “É antiético usar do artifício de uma mentira para conseguir uma informação ou é errado roubar um documento para levar uma informação para uma empresa? Para mim, não.” Eliane afirmou que “o que vale é deixar que o público saiba o que é de seu interesse”. Não disse qual é o limite do jornalista. Se o argumento é a busca de um bem maior, será que vale tudo? Roubar documento público pode, ouvir atrás da porta e mentir também pode. Será que roubar um celular no qual você sabe que tem o telefone daquela fonte que seria fundamental na sua próxima grande reportagem pode? Será que pode botar fogo no Congresso para ver se os bombeiros chegam rápido? A colunista não explicou. Quando um estudante questionou qual era esse limite, Eliane afirmou que a estudante estava levando sua fala “ao pé da letra”. Que tudo dependia do contexto, apesar de não ter falado em contexto: afirmou que o que interessava era o “povo” receber a notícia. E completou: “Se você acha que isso é antiético, uma boa idéia é que você seja publicitária”. Além de ser uma ofensa aos publicitários – como se estes não pudessem trabalhar pelo interesse público e com informações importantes e verdadeiras – a afirmação de Eliane leva a crer que não existe outra opção para quem quer trabalhar na imprensa brasileira. Para ter sucesso, é preciso mentir, roubar e sabe-se lá mais o que, “pois a informação não cai do céu”.
Como se não existissem outras maneiras de conseguir dados, de descobrir verdades. Essa, sim, é a função dos jornalistas. “Se virar” para conseguir a notícia. Mas o “se virar” não precisa incluir nada que vá contra princípios éticos e morais. Por mais incrível que pareça, diante da resposta da jornalista, as palmas foram instantâneas. Estudantes e professores apoiaram a opinião da jornalista. Luiz Martins da Silva, professor do Departamento de Jornalismo da Universidade de Brasília, contestou a idéia de Eliana Cantanhêde de que, “se o fim for válido” – obter informações –, vale mentir e roubar. O comentário de Luiz Martins foi: “Será que vale?” Segundo o professor, depende muito do contexto histórico e singular das situações para fazer o julgamento se faz sentido ou não, se é ou não legítimo agir de forma antiética em prol de um bem maior. Roubar ou não roubar, mentir ou não mentir, é uma escolha moral de cada profissional. Ninguém deve ser forçado a agir contra o que acredita ser certo. Não é correto que a pressão do mercado, que supervaloriza furos e notícias exclusivas, guie o comportamento dos jornalistas. Sabe-se que por trás de comportamentos antiéticos nem sempre está a vontade de mostrar a verdade aos leitores. Geralmente estão associados ao interesse comercial – jornais ganham legitimidade ao apresentar notícias novas – e à vaidade do profissional que escreve. Não é novidade que jornalistas ganhem prestígio ao conseguir informações que mais ninguém tem. E como conseguiram, pelo visto, não interessa. Eliane declarou: “Jornalismo também é empresa, também é negócio. Meu patrão também é empresário”. Ao que parece, a grande busca é dinheiro e sucesso, interesse público é só o caminho. Luiz deu uma boa contribuição para a discussão quando contestou a afirmação das jornalistas de que essas práticas eram explicadas pela busca do bem público. Há muita coisa que é de interesse público e não é publicado. “Por que o governo precisa gastar milhões com prevenção de doenças, por exemplo?” ",1]
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Como se não existissem outras maneiras de conseguir dados, de descobrir verdades. Essa, sim, é a função dos jornalistas. “Se virar” para conseguir a notícia. Mas o “se virar” não precisa incluir nada que vá contra princípios éticos e morais. Por mais incrível que pareça, diante da resposta da jornalista, as palmas foram instantâneas. Estudantes e professores apoiaram a opinião da jornalista. Luiz Martins da Silva, professor do Departamento de Jornalismo da Universidade de Brasília, contestou a idéia de Eliana Cantanhêde de que, “se o fim for válido” – obter informações –, vale mentir e roubar. O comentário de Luiz Martins foi: “Será que vale?” Segundo o professor, depende muito do contexto histórico e singular das situações para fazer o julgamento se faz sentido ou não, se é ou não legítimo agir de forma antiética em prol de um bem maior. Roubar ou não roubar, mentir ou não mentir, é uma escolha moral de cada profissional. Ninguém deve ser forçado a agir contra o que acredita ser certo. Não é correto que a pressão do mercado, que supervaloriza furos e notícias exclusivas, guie o comportamento dos jornalistas. Sabe-se que por trás de comportamentos antiéticos nem sempre está a vontade de mostrar a verdade aos leitores. Geralmente estão associados ao interesse comercial – jornais ganham legitimidade ao apresentar notícias novas – e à vaidade do profissional que escreve. Não é novidade que jornalistas ganhem prestígio ao conseguir informações que mais ninguém tem. E como conseguiram, pelo visto, não interessa. Eliane declarou: “Jornalismo também é empresa, também é negócio. Meu patrão também é empresário”. Ao que parece, a grande busca é dinheiro e sucesso, interesse público é só o caminho. Luiz deu uma boa contribuição para a discussão quando contestou a afirmação das jornalistas de que essas práticas eram explicadas pela busca do bem público. Há muita coisa que é de interesse público e não é publicado. “Por que o governo precisa gastar milhões com prevenção de doenças, por exemplo?”
A diretora da sucursal de Brasília do jornal O Globo, Helena Chagas, apoiou e defendeu a colega da Folha. “Eu também roubo documentos!”, afirmou. Disse que faz o que for preciso para obter informações que julga serem valorosas. “Se der bobeira, eu pego mesmo”, afirmou a jornalista. E mais. Acredita que a melhor maneira de proteger o jornalista é que essas situações sejam discutidas com os editores, na redação. É preciso ter o respaldo dos chefes. Praticamente, uma máfia! Um estudante usou o discurso de Carlos Chagas para questionar a posição das jornalistas. Carlos disse, que para saber se algum comportamento é ético, basta pensar no que aconteceria se todos resolvessem agir daquela maneira. “O que aconteceria se todos os jornalistas assumissem o discurso de vocês, do roubo e da mentira? O que seria da prática?” Não houve resposta. Mas a pergunta existe. O que aconteceria? Coisa boa não seria... É na faculdade que se deve aprender que, antes de ser profissionais de sucesso, é essencial buscar agir de forma justa e responsável. Que ninguém precisa aceitar passivamente os absurdos do mercado. Que ninguém é obrigado a se vender. Que é possível fazer notícias verdadeiras, de qualidade e que vendam. Que, com união, é possível construir uma imprensa mais isenta. Que a ética é fundamental. É até engraçado que, em uma palestra dentro do ambiente acadêmico, a ética não seja tratada com a devida importância. Uma vergonha! Maiana Diniz é estudante de jornalismo. ",]
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A diretora da sucursal de Brasília do jornal O Globo, Helena Chagas, apoiou e defendeu a colega da Folha. “Eu também roubo documentos!”, afirmou. Disse que faz o que for preciso para obter informações que julga serem valorosas. “Se der bobeira, eu pego mesmo”, afirmou a jornalista. E mais. Acredita que a melhor maneira de proteger o jornalista é que essas situações sejam discutidas com os editores, na redação. É preciso ter o respaldo dos chefes. Praticamente, uma máfia! Um estudante usou o discurso de Carlos Chagas para questionar a posição das jornalistas. Carlos disse, que para saber se algum comportamento é ético, basta pensar no que aconteceria se todos resolvessem agir daquela maneira. “O que aconteceria se todos os jornalistas assumissem o discurso de vocês, do roubo e da mentira? O que seria da prática?” Não houve resposta. Mas a pergunta existe. O que aconteceria? Coisa boa não seria... É na faculdade que se deve aprender que, antes de ser profissionais de sucesso, é essencial buscar agir de forma justa e responsável. Que ninguém precisa aceitar passivamente os absurdos do mercado. Que ninguém é obrigado a se vender. Que é possível fazer notícias verdadeiras, de qualidade e que vendam. Que, com união, é possível construir uma imprensa mais isenta. Que a ética é fundamental. É até engraçado que, em uma palestra dentro do ambiente acadêmico, a ética não seja tratada com a devida importância. Uma vergonha! Maiana Diniz é estudante de jornalismo.

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